terça-feira, 28 de setembro de 2010

Entendendo um pouco a Adolescência

       Entendendo um pouco a Adolescência

    Existem várias tentativas de se definir adolescência, embora nem todas as culturas tenham esse conceito. As culturas que os possuem, baseiam-se nas diferentes faixas etárias. Aqui no Brasil, pelo Estatuto da criança e do Adolescente, considera-se adolescente a faixa etária compreendida dos 13 aos 18 anos de idade.
    
   Na puberdade, há um aspecto biológico e universal, caracterizada pelas modificações, como crescimento de pêlos pubianos, auxiliares ou torácicos, o aumento da massa corporal, desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, menstruação, etc. Essas mudanças físicas, costumam caracterizar a puberdade, que neste caso, seria um ato biológico ou da natureza.

    Já a adolescência, é mais uma atitude cultural. É uma atitude ou postura do ser humano durante uma fase do desenvolvimento. Ela se traduz, num papel social, que vem simultâneo à puberdade.
    A adolescência não é marcada somente por angústias, crises de mal-estares, ou por dificuldades em geral. É importante lembrar que se abandona nesse momento o mundo infantil para ingressar no mundo adulto. E existe aí uma série de benefícios como uma maior eficácia no intelecto, rapidez e elaborações mais complexas, a tensão se apresenta com aumento da concentração e melhor seleção de informações, a memória adquire melhor capacidade de retenção e evocação, a linguagem torna-se mais completa e complexa com o aumento do vocabulário e da expressão.
    
Todos esses acréscimos produzem no adolescente uma inflação do ego, que é percebido quando acham que “podem tudo”, se rebelando e criando valores inusitados geralmente e propositalmente contrários aos valores tidos como corretos.
Temos agora uma situação que assusta aos pais.
Quando o adolescente se depara com forças contrárias, ocorrerá uma inevitável disputa para ver quem vencerá.

Isso é normal. Caso esse confronto ocorra de maneira saudável, o adolescente vai internalizar o valor desta experiência de uma maneira positiva, o que passará a fazer parte de sua identidade. Caso  o contrário, estará instalado o trauma, essa experiência perderá seu valor e o processo a função, dando lugar a mágoas e ressentimentos, que geralmente se manifestarão através de raiva, agressão, disputas...
    Figuras de autoridade, como os pais, professores, padres, pastores etc. são os alvos preferidos dessa contestação. Além disso, espera-se que os conflitos de valores e de poder possam se generalizar para uma questão ideológica.
  Esse questionamento por parte do jovem é saudável. Mostra que seu psiquismo está se desenvolvendo.
   
    A maior dificuldade do adolescente é aceitar uma autoridade imposta. Quando ela é construída com respeito e pela conquista, sem pressões, adquiri um espaço importante no sistema de valores desse jovem.
Sendo assim, é primordial ao tentar exercer autoridade sobre o adolescente, munir-se de responsabilidade sobre sua aceitação ou não. A autoridade vai depender da maneira pela qual ela se faz aceita e compreendida.
    Nesse ponto, é inevitável que a personalidade dessa autoridade seja madura e sem conflitos maiores.
  Situações de desentendimentos, brigas e discussões são absolutamente naturais nessa fase e não há benefícios fugindo dela.
  
    É um momento onde o grupo exerce um papel importante na vida desses jovens. Pertencer a um grupo os ajuda a fortalecer sua identidade. O adolescente vai criando um conjunto de características para ser valorizado e aceito pelo grupo, além de encontrar um estilo que agrade a si próprio e ao grupo ao qual pertence. (Persona)
    
    A auto-estima aqui é também construída e pode ser elevada ou não, levando alguns jovens, ao se sentirem inferiorizados, a uma possível depressão.
    Nesse contexto o jovem constrói sua identidade. Ainda não sabe do que gosta, quer ou mesmo identifica suas dúvidas.
  Faz-se necessário agora pensarmos em que papel social encontra-se o adolescente, visto que sua identidade ainda não se completou.
     E esse conflito vai aparecer mais evidente na escolha de sua profissão.


                                                           Carlota Cristina
                                              Psicopedagoga e Orientadora Educacional

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

EDUCANDO ATRAVÉS DAS EMOÇÕES

                        Educando através das Emoções

Muito se fala da conturbada adolescência, realmente é um período difícil para os jovens. Dúvidas, procura da identidade, medos, culpas, desejo de liberdade, hormônios a mil, emoções desordenadas. Sem dúvida, um coquetel para apavorar qualquer adulto menos avisado. Porém, nada disso seria tão relevante e angustiante se vivêssemos numa época mais tranqüila, sem tanta informatização, sem tantos recursos tecnológicos, num mundo menos violento. A questão é que não podemos mudar o que já existe, vivemos sim, num mundo diferente do que conhecíamos como tranqüilo e seguro. Um mundo de medos, guerras, inseguranças, onde, a palavra limite é muito exaltada, mas pouco empregada corretamente. Então, nós adultos pensamos: como “controlar” nossos filhos ou nossos alunos. Sabemos que precisam de liberdade, mas até onde devemos deixá-los ir? Temos consciência que necessitam construir sua identidade e para isso vão contestar tudo que lhes é imposto, mas quando devemos reprimi-los? Ou, será que devemos? Onde coloco os limites? Perguntas que nos fazem pensar e muitas vezes nos desesperam. Podemos ainda adicionar a impressionante quantidade e variedade de casos de adolescentes com dificuldades escolares, depressão, fobias das mais variáveis, bulimia, anorexia e outros tantos transtornos como déficit de atenção, dislexia, déficit no processamento auditivo, enfim. Diagnósticos muitas vezes pertinentes. Realmente, há casos que exigem uma intervenção mais adequada. Mas o que está por trás de tudo isso? O mundo mudou, a família como modelo conhecido, também não é mais a mesma. Porque tantos pais e professores “perdidos” sem saber o que fazer com seus filhos ou alunos?
TODAS AS EMOÇÕES
A resposta para essas perguntas é simples. Emoções.
Infelizmente, ninguém ensina que aprendemos pelas emoções, elas são o nosso GPS na vida. Precisamos nos sentir bem para que tudo flua tranquilamente.
Agora, nossos jovens conseguem manter suas emoções organizadas? Será que eles têm noção do quanto elas, desbaratadas, influenciam seu aprendizado, não só na escola, mas em tudo que diz respeito ao seu universo? Emoções desorganizadas geram caos, doenças, medos, culpas, fracassos, inseguranças e sentimentos de incapacidade perante os desafios da vida. E a situação piora na escola,  quando chegam as notas baixas....
Pais e professores deveriam ler boletins com um olhar para as notas dos sentimentos.  Notas baixas dizem que: “Minhas emoções estão atrapalhadas, o que faço”? Alguns adultos e até os próprios jovens, acreditam que: “Ah, eu não estudei mesmo, fui folgado”. O que quero que reflitam é que mesmo aquele “folgado” está com suas emoções desordenadas.
Bom, então o que fazer? Como organizar esse “caos emocional” de modo a favorecer o aprendizado?
É importante que o jovem consiga perceber e priorizar seus sentimentos.
Qual o incomoda mais e porque. É fundamental que identifique suas fraquezas e seus pontos fortes. No que sou bom(a)?
Faz-se necessário alguém que o escute. Seus anseios, suas dúvidas, suas angústias, seus pedidos constantes de limites. Precisam conhecer o que os deixam felizes. A partir daí, podemos contar com jovens centrados e focados nos seus propósitos.
A família precisa olhar seus filhos. A escola precisa olhar seus alunos. E ambos precisam construir uma relação harmoniosa entre sentimentos e emoções, para que tenhamos adultos saudáveis e fortes psiquicamente onde as palavras culpa e medo, que acarretam juntas, desajustes emocionais sérios, sejam banidas do vocabulário.





                                                               Carlota Cristina
                                              Psicopedagoga e Orientadora Educacional